segunda-feira, 20 de julho de 2009

Missão Apollo 11 - 40 anos da chegada do homem à Lua

In "PUBLICO.PT":

As missões tripuladas para a Lua, para Marte, talvez para algum asteróide deverão tornar-se realidade um dia destes. Mas para outras estrelas, outras galáxias?


Sair do sistema solar ainda não faz parte dos planos mais futuristas para viajantes humanos porque as tecnologias que seriam necessárias ainda não existem. Mas isso não impede cientistas mais visionários de tentarem imaginar novas formas de fazer recuar essa fronteira, vencendo o espaço e o tempo. 982694


O grande problema com o Universo é a sua imensidão. Mesmo as sondas Voyager 1 e 2 da agência espacial norte-americana NASA, que descolaram de Cabo Canaveral em 1977, só recentemente (em 2004 e 2007, respectivamente) atingiram a antecâmara dos confins do nosso sistema solar — a zona, situada a uns dez mil milhões de quilómetros do Sol, onde a influência do vento solar começa a esgotar-se para finalmente ceder o lugar ao meio interestelar. 


O grande problema com as naves e sondas espaciais actuais é que são muito lentas. Mesmo a velocidades que a nós nos parecem alucinantes — neste momento, a sonda Voyager 1, o objecto de fabrico humano mais afastado da Terra, é um bólide lançado a 17 quilómetros por segundo —, as Voyager demorariam mais de 70 mil anos a chegar aos subúrbios de Proxima do Centauro, a estrela mais perto do Sol, situada a pouco mais de quatro anos-luz de nós.


O grande problema com as naves tripuladas é, ainda por cima, o seu grande tamanho e peso (as Voyager pesam apenas 700 quilos; já uma nave do tipo da Enterprise da série Star Trek é outra história). E, se se tratasse de uma nave propulsada por motores convencionais, do mesmo tipo que os dos vaivéns norte-americanos, a NASA garante que a matéria do Universo todo não chegaria para fabricar a quantidade de combustível necessária! Claramente, as viagens tripuladas para o espaço extra-solar apresentam obstáculos aparentemente inultrapassáveis de ordem tecnológica. 982695

Mas também não é possível esquecer um outro factor limitativo: o simples (ou, pelo contrário, muito complexo) factor humano, com as suas vertentes éticas, psicológicas, biológicas. Atravessar o espaço durante dezenas de milhares de anos implicaria o nascimento e morte de inúmeras gerações de seres humanos a bordo da nave espacial (a título comparativo, estimase que a nossa espécie tenha surgido na Terra há 200 mil anos), com todas as implicações que isso tem em termos de sustentação alimentar, riscos da permanência prolongada no espaço. A alternativa seria desenvolver tecnologias que pudessem manter os tripulantes num estado de vida suspensa durante toda a viagem.


Para mais, continuando com o exemplo de Proxima do Centauro, viajar para aquela estrela nem sequer constituiria um objectivo adequado, pois ela não tem planetas à sua volta susceptíveis de suportar a vida tal como a conhecemos... Aliás, ainda não foi descoberto nenhum planeta parecido com o nosso em torno de uma estrela. É verdade, porém, que os esforços para procurar “pontinhos azuis” como a Terra têm redobrado nos últimos tempos (nomeadamente com o lançamento pela NASA, em Março deste ano, do telescópio espacial Kepler) e que os especialistas estão bastante optimistas quantos às hipóteses de virmos a encontrá-los. Mas o que isto quer dizer é que será sem dúvida preciso olhar para muito mais longe do que alguns anos-luz de distância para encontrar estrelas que possuam planetas habitáveis.


Quanto a visitar outras galáxias, mesmo as mais próximas da nossa Via Láctea... A galáxia Andrómeda fica a dois milhões de anos-luz de nós: mesmo a luz, a coisa mais rápida que há segundo a Teoria da Relatividade de Einstein (300 mil km por segundo no vácuo), demora dois milhões de anos a cobrir essa distância! E a galáxia anã Canis Major, que está mais próxima de nós do que nós próprios estamos do centro da nossa galáxia, encontra-se apesar de tudo a 25 mil anos-luz do sistema solar, o que ainda é abissal. Parece impossível — hoje, amanhã, ou em qualquer outro dia do futuro próximo ou longínquo — que um ser humano possa percorrer distâncias dessa ordem, vencendo o espaço e o tempo.


Cientistas visionários


Apesar de todos estes factos, nem todos os cientistas estão dispostos a abandonar o sonho. Isto não quer dizer que considerem que as viagens interestelares tripuladas sejam possíveis, mesmo no longo prazo — elas ainda são claramente do domínio da ficção científica. Mas o que signifi ca é que estão dispostos a deixar de lado os seus preconceitos — a favor ou contra — e a tentar avaliar se poderia eventualmente, hipoteticamente, vir a ser um dia possível inventar motores espaciais radicalmente diferentes dos actuais, que tornem as viagens interesterales ou intergalácticas praticáveis. Haverá maneira de criar novos sistemas de propulsão, totalmente inéditos do ponto de vista físico, capazes de converter a energia presente no vácuo do espaço directamente em força motora, dispensando assim o combustível?


Marc Millis, da NASA, que de 1996 a 2002 dirigiu o programa Breakthrough Propulsion Physics daquela agência espacial — criado justamente para estudar sistemas de propulsão “revolucionários” que por inerência necessitariam de um avanço fundamental na área da Física para se tornarem realizáveis —, é um deles. Millis é uma autoridade mundial em métodos de propulsão avançados e investigou, quando a NASA financiava aquele projecto, a possibilidade de desenvolver sistemas ditos de propulsão espacial (space drives), que utilizariam “as propriedades fundamentais da matéria e do espaço para criar a força motora, prescindindo assim de transportar e utilizar carburante”, lê-se no site da NASA. Coisas com nomes estranhos como “propulsão diamétrica”, “propulsão disjuntiva”, “vela diferencial”. Solicitado por email, Millis expôs as suas convicções pessoais: “Independentemente do c facto de sabermos se a Humanidade conseguirá ou não viajar para as estrelas”, disse-nos, “é imperativo tentarmos fazê-lo. No longo prazo, é a sobrevivência da Humanidade que está em jogo. Temos de nos preparar para o dia em que a Terra se tornar inabitável. Sabemos que a nossa espécie se vai extinguir dentro de mil milhões de anos, mas entretanto os riscos de sermos atingidos por um asteróide, de erupções cataclísmicas, do aquecimento global, de guerra, etc., podem aproximar o fi m. Não enfrentar o problema seria socialmente irresponsável. Quanto ao curto prazo, vamos aprender mais coisas a tentar resolver o problema do que a não fazer nada.” E acrescenta ainda: “Devo dizer que acho o tema muito atraente. Isto é que são as coisas fascinantes, muito mais interessantes que o desporto.”


Mais depressa que a luz


Mas o que dizer da duração das viagens? Para ultrapassar este outro grande obstáculo, seria preciso atingir velocidades de cruzeiro muito mais elevadas — e, idealmente, superiores à da luz. Só que, para isso, será preciso contornar o limite teórico da velocidade da luz (a teoria de Einstein estipula que nada consegue deslocarse mais depressa), mexendo directamente no próprio tecido, na estrutura do espaço-tempo, para fazer avançar as naves. Um desses sistemas de propulsão, totalmente hipotético, que cientistas como Millis estão a estudar, é o chamado warp drive, que consiste em comprimir o espaço-tempo à frente de um objecto e expandi-lo detrás, fazendo com que seja o próprio espaço-tempo a deslocar-se, arrastando a nave com ele. Assim, dentro da sua “bolha” de espaço- tempo local, a nave continuaria a andar a velocidades inferiores à da luz, o que é compatível com a teoria de Einstein — mas, acrescentada à velocidade da “bolha”, a sua velocidade acabaria por ser superior à da luz (numa espécie de efeito “tapete rolante”, segundo a expressão do próprio Millis). A ideia provém, por incrível que pareça, da famosa série televisiva Star Trek, onde um sistema semelhante permite que a nave Enterprise percorra distâncias inimagináveis num piscar de olhos. Uma outra forma de viajar mais depressa do que a luz consistiria em aproveitar os chamados wormholes, hipotéticos “túneis” que funcionam como atalhos, ligando entre si dois pontos do espaçotempo muito afastados um do outro.


Muito recentemente, Millis publicou, em coautoria com Eric Davis, do Instituto de Estudos Avançados de Austin, um compêndio de cerca de 700 páginas intitulado Frontiers of Propulsion Science, que faz o ponto científi co da situação. Numa entrevista à revista Wired em Maio, afi rmava a propósito do livro que, “tendo visto vários investigadores a defrontarem-se com o desafi o dos voos espaciais revolucionários, tornou-se claro que a comunidade precisava de uma obra de referência sobre o estado e as oportunidades da investigação. Havia demasiado ‘ruído’ e pouco ‘sinal’; era óbvio que os aspectos facilmente exploráveis, em termos sensacional i s t a s , d a pesquisa em torno dos voos interestelares estavam a difi cultar a comunicação dos aspectos mais sérios por detrás dos trabalhos”.


Segundo Millis, é preciso dedicar mais esforços à tarefa de interligar os resultados de qualidade, publicados em revistas científi cas sérias, mesmo que sejam muito modestos e prestar menos atenção a resultados mais sensacionalistas que, para ele, não passam de “campanhas de marketing”. É essencial ligar os “objectivos ideais” dos voos interestelares aos “pormenores físicos reais”. Só desta forma é que, no seu entender, talvez seja possível um dia construir naves interestelares que tornem as viagens praticáveis. Uma atitude razoável, que consiste em admitir que o que se pretende poderá ser completamente descabelado, mas que não é por isso que devem ser abandonadas a metodologia e a objectividade intelectual que caracterizam o método científi co. “O que temos de fazer hoje”, diz-nos ainda, é abordar as questões mais cruciais para desbravar o caminho para futuros progressos. O simples facto de determinar as ‘melhores’ questões já representa em si um desafio.”


“The right stuff ”


Podemos também perguntar: será que, do ponto de vista humano, existe uma right stuff para este tipo de viagens? Há ou haverá um dia pessoas dispostas a empreender uma viagem que provavelmente será “só de ida”, pelo menos numa primeira fase? “Não há uma resposta simples para esta pergunta”, frisa Millis. “As implicações sociais são demasiado gigantescas. Acho que haveria suficientes pessoas interessadas num viagem só de ida, mas gostava de ver os resultados de um inquérito sobre esta questão.” Uma coisa que Millis acha que poderia suscitar um entusiasmo renovado pelas viagens interestelares seria a descoberta de um planeta semelhante ao nosso num outro sistema solar: quando isso acontecer, “as pessoas vão começar a perguntar ‘como é que vamos lá?’”


Seja como for, é um facto que existe uma alternativa mais comportável, a todos os níveis, às viagens tripuladas. Essa alternativa consiste em enviar para estrelas e galáxias distantes sondas como as Voyager, Pioneer e outras, cada vez mais sofi sticadas, capazes de recolher dados, efectuar experiências e comunicar os seus resultados à Terra (tais respostas só chegariam dentro de milhares de anos, claro). Estas duas aventuras — a humana e a robotizada — não se excluem mutuamente; pelo contrário, são consecutivas. “É só uma questão de etapas”, diznos ainda Millis. “Logicamente, as viagens tri puladas deverão acontecer muito tempo depois das missões de sondas robotizadas, que por sua vez deverão acontecer muito tempo depois de terem sido feitas, muito metodicamente, muitas observações do espaço longínquo.”


No fundo, já é possível “viajar” para mundos distantes de forma virtual, olhando ao pormenor para os confins do Universo, graças a potentes telescópios como o Hubble e o Kepler e a observatórios espaciais como os satélites Herschel e Planck, lançados em Maio pela agência espacial europeia ESA. De facto, a primeira etapa da grande aventura da exploração do espaço já está em curso.


O envio de sondas para locais muito longínquos permitiria ultrapassar, pelo menos em parte, um outro grande obstáculo material à exploração de estrelas e galáxias: o do dinheiro necessário para financiar tais empreendimentos. “O custo actual das viagens interestelares é muitíssimo elevado, excepto para os engenhos muito pequenos”, diz-nos por email Timothy Ferris, ex-jornalista, autor de livros e fi lmes sobre o Universo — e que é também o homem por detrás da escolha do conteúdo dos célebres “discos dourados”, que incluem música, sons e imagens da Terra e que foram enviados para o espaço há 30 anos, a bordo das sondas Voyager, como mensagem para um eventual encontro com uma civilização extraterrestre avançada. “Esta situação poderá alterar-se no futuro graças aos progressos tecnológicos ou às economias emergentes (este segundo elemento costuma ser subestimado). Não pretendo saber quais serão as tecnologias disponíves dentro de séculos.” Ferris também não duvida, nem por um instante, de que um dia, muito longínquo, os humanos hão-de conseguir viajar para as estrelas e para as galáxias.


Quanto a Millis, como já se percebeu, ele não rejeita a ideia de que a ficção científica possa servir de inspiração à investigação científi ca. “Gosto do poder imaginativo da fi cção científi ca”, responde-nos. “Acho que é ao mesmo tempo uma fonte de inspiração e uma ferramenta para a geração de ideias radicalmente novas. E isso vale mesmo quando as descrições fi ccionais não fazem sentido, porque estimula o raciocínio e a vontade de perceber como é que as coisas poderiam realmente funcionar.” De facto, a fi cção científi ca é, por enquanto, para o comum dos mortais, a melhor maneira de viajar para outros mundos, do outro lado do Universo. Confortavelmente instalados(as) num sofá, entregues ao sonho.

 

To commemorate the 40th anniversary of Apollo 11, NASA released partially restored video of a series of 15 memorable moments from the July 20 moonwalk.This is a clip of Buzz Aldrin following Neil A...

Ver:

CBS News - Apollo 11 Moon Landing, July 1969 - part 1!!:

CBS News - Apollo 11 Moon Landing, July 1969 - part 2!!:

 

Man On The Moon - Apollo 11 - Cronkite Broadcast Pt1:

Man On The Moon - Apollo 11- Cronkite Broadcast Pt2:

Man On The Moon - Apollo 11- Cronkite Broadcast Pt3:  

Man On The Moon - Apollo 11- Cronkite Broadcast Pt4:

Man On The Moon - Apollo 11- Cronkite Broadcast Pt5:

Man On The Moon - Apollo 11- Cronkite Broadcast Pt6:

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